sábado, 14 de junho de 2008

Um olhar de geográfo à poesia do centro de São Paulo.

foto: Camila Mafra / Centro de São Paulo visto do alto do Edifício Martinelli.

O som do Centro

Carros ultrapassam o sinal vermelho
Pessoas se atropelam nas calçadas
Corre, corre que não pára
Dia, noite vem e passa
Corre, empurra ata desata o tênis sport
Do office-boy apressado
corre, dói aperta o pé da recepcionista agitada
corre,corre desce sobe escada
sobe, desce ascensorista
vai e vem o motorista do ônibus
lotado, lento
e o operador do metro,
vem e vão os pensamentos
os preconceitos
os acontecimentos
vão , vem
São e deixam de ser
O sonho do pequeno, de crescer.
E do grande de ser maior
Vem e vão , impunidade
Crueldade, perversidade.
Na Cidade que não pára
Economiza energia elétrica
Mas não para de piscar
Economiza água
Mas não deixa de alagar
Corre, corre, nada.
E não pára
Produz e não recicla
Corre, corre e não pára.
Reconhece
Mas não pune
Ver
Mas cala-se
Corre, corre...
Foge.
E não faz nada...






texto de 2002, quando caminhava pelas ruas do Centro de São Paulo.

2 comentários:

Unknown disse...

Que tal "decorar" com uma das belas fotos do centro???
Bjos

Unknown disse...

Poxa, até parece um pouco de minha nova rotina este ano.
Mal temos tempo para reflexões e isso me incomoda bastante.
Parabéns pelo poema!!!